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livrEs - livros eletrônicos para dispositivos móveis

Grão – Grain

Full screen

Grão
Imaginação de Álvaro Andrade Garcia
Software de Lucas Junqueira
6’45”

Grão é o último livro de Álvaro Andrade Garcia, escritor e diretor de audiovisual e multimídia. É uma tentativa de recriar o mundo através da palavra poética, sendo o primeiro livro da trilogia A O M, baseada na sílaba que define o universo segundo a tradição hindu. O livrE (livro eletrônico) de poesia já consumiu mais de 20 anos de pesquisa e trabalho do autor em dicionários e textos de linguística, etimologia e mitologia. Grão se dedica à letra fenícia Alef, semelhante à letra A do alfabeto latino, e que simboliza o começo de algo. Na literatura, o escritor argentino Jorge Luís Borges denomina de Aleph o ponto que contém todo o universo.

Grão, criado e distribuído em meio digital, experimenta a evolução do verbivocovisual de Joyce, passando pelos Campos até os dias de hoje, na era da computação em nuvens e dos dispositivos móveis, onde o termo ganha interatividade, hipertextualidade e dispersão em redes, sendo um exemplo de uma obra de ideografia dinâmica, como define Pierre Levy, ou de imaginação digital, como assim prefere seu autor, o poeta Álvaro Andrade Garcia, pioneiro da poiesis digital no Brasil. O livro Grão pode ser acessado livremente pela internet, em tablets e smartphones. Foi todo autorado e publicado usando o Managana, software livre de publicação digital produzido pelo ateliê Ciclope.

Faz parte da coleção livrEs, produzida pelo ateliê Ciclope de arte digital. A coleção publica na forma de aplicativos multimídia textos de poesia com o uso vídeo e áudio ilustrações, animações e interatividade avançada com o leitor.

Você pode baixar o app gratuito do software Managana para ver Grão no seu tablet ou smartphone.

Play store (Android)
https://play.google.com/store/apps/details?id=air.art.ciclope.managana

Apple appStore (iPhones/iPods/iPads)
http://itunes.apple.com/br/app/managana/id528709989

LivrE (livro eletrônico) com as seções:
créditos | capa | poema-sumário | 9 fluxos

Descrição por ordem de aparição

1. Créditos

Links para o Sítio de Imaginação em português e inglês, nos vídeos com inseto situados abaixo dos textos. O toque no vídeo vai para Capa; o toque no ideograma de Grão, para o poema-sumário.

2. Capa

Animação de pinturas rupestres da Cueva de las Manos, localizada na província de Santa Cruz, na Argentina. Nos fluxos, o toque no ideograma da direita vai para o próximo fluxo; o toque no da esquerda volta um fluxo, e no ideograma de Grão, à direita e acima, segue para o poema-sumário. A opção por não fazer nada deixa os fluxos se encadearem sozinhos, seguindo a seguinte ordem:

3. Primordial (epígrafe)

Imagem com parte de uma Kali Yantra; depois, animação de imagem de Shiva do templo de Perur, Índia, e tradução livre de partes do Durgasatanama Stotra, do Visvasara Tantra. Link para o hino de Durga completo, em inglês com palavras-chave em sânscrito: www.philhine.org.uk/writings/rit_invdurga.html

Detalhe de uma Kali Yantra. Pintura do Rajistão, Índia, final século 18.

Na Kali Yantra completa o círculo exterior é avidya – ignorância; depois vem oito pétalas: terra, água, fogo, ar, éter, manas (mente), buddhi (intelecto, iluminação) e ahankara (egoísmo, individuação). Cinco triângulos são as cinco jnanendriyas, jnana é conhecimento, indriyas são sensos; outras cinco são as cinco karmendryas, orgãos motores, depois cinco pranas e o bindu, a pura consciência refletida em maya.

Shiva com guirlandas de flores do Templo de Perur em Coimbatore, séc. 17. A divindade esculpida na pedra escura recebe flores que dão forma à contraforma, constantemente renovada pelos fiéis.

4. Palavra

Da língua de fogo de uma criança (Maria Neves) surge a palavra, desenhada em português, sânscrito (vac) e chinês (desenho estilizado de uma boca com a língua para fora). Associações entre as palavras e esta língua de fogo são recorrentes em diversas partes do mundo. Palavra se decompõe ao final do fluxo em simples e poderosas palavras com 3 letras, reconhecidas em toda parte.

5. Água

Imagem do salto do rio Preto, Parque da Chapada dos Veadeiros, Goiás. Palavras do campo semântico que une figuras maternas, águas, divindades femininas, regentes e substância mental.

6. Sol

Imagem de jyoti, luz, manifestação radiante da energia. O sol em imagem análoga a um ovo e gametas. Palavras masculinas de propulsão fecundam o ovo, ele em si um sol como potência, surge o feto, a gema, os elementos yin yang se mesclam.

Jyoti, luz. Têmpera, pintura em ouro. Século 18, Índia.

7. Raio Trovão

Igne, palavra latina para fogo, como Agni, deus do fogo para os hindus. Tor, Thor, o trovão, o raio, o fogo ancestral entre o céu e a terra. Imagens de tempestade, luz e sombra, eletricidade.

Surgem as vogais, associadas a certos pontos do corpo correspondentes aos chacras, segundo mitologia indígena brasileira. Cada ser humano é um tom de som e cor, mixagem da energia que circula.

Cada vogal aqui ganha uma cor segundo tradições hindus.

Imagem de tempestade com raios e trovões, Nova Lima, Minas Gerais.

Imagem mixada de yogin com seis chacras, pintura da escola kangra, final século 18, Índia.

8. Ar Vazio

Imagens de nuvens vistas da serra do Peruaçu, vale do São Francisco, noroeste de Minas Gerais. Silêncio, ardor. A pronúncia que dissemina como a chuva, espraia em silêncio por toda parte.

9. Id Ancestral

O sopro que percorre o vazio gera indivíduos emissores, ânimas etéreas do universo. Na solidão, no monastério, em ritmo de prana, indo e vindo, condensam as palavras mais intensas, que tornam a se espraiar.

10. Luz

Imagem: animação do Sloan Project, um zoom out da terra ao big bang, o mapa mundi do universo no horizonte de eventos. Forças irradiantes, luz, cosmos, mesclagem, fusões, tormentas tempo astronômico.

11. Fala

Resultado e força criadora, nasce em mim a palavra que rediz o universo através das eras e éons. Um éon é uma interessante medida de tempo muito larga. Em geologia, segundo o Dicionário Houaiss, “a maior unidade do tempo geológico, imediatamente antes de era na hierarquia geocronológica”.

Imagem de duas cobras eretas se enroscando em espiral. Serpentes são símbolo recorrente nas mais diversas partes do mundo, associadas a inúmeras coisas, como sabedoria, mundo dos mortos, eternindade, regeneração, medicina, diabo…

Áudio com som da letra A pronunciado por diversas pessoas, com diversas tonalidades e nuances.

12. Poema sumário

Poema escrito em chinês tradicional (hoje as palavras são conjuntos de 2 ideogramas; antes, nos textos clássicos, se escrevia com apenas um ideograma por palavra, de cima para baixo, da direita para a esquerda.

Aqui, cada ideograma corresponde a um fluxo de imagens e semas. Uma brincadeira gráfica de adivinhação para nós, pois cada ideograma é o título de um fluxo que lhe é correspondente; um poema, para o caso de um chinês lendo, pois aqui nossas palavras serão o grafismo. Podemos ler em diversas direções e fazer composições com eles.

Uma tradução aproximada do que está escrito da direita para a esquerda, de cima para baixo – como se lê em chinês tradicional -, seria:

Grão

Primordial
Palavra
Água

Fogo
Raio Trovão
Ar Vazio

Ancestral
Luz
Nasce

Eu

Fontes:

Dicionário Eletrônico Houaiss.
Dicionário Analógico da Língua Portuguesa. Carlos Spitzer, S. J. Ed. Globo, Porto Alegre, 1959.
Palavra, Parábola. Rômulo Cândido de Souza. Ed. Santuário, Aparecida, São Paulo, 1990.
O Vocabulário das Instituições Indo-Europeias. Émile Benveniste. Ed. Unicamp, Campinas, 1995.
Hino para Durga. www.philhine.org.uk/writings/rit_invdurga.html
Tantra Art. Ajit Mookerjee, Ravi Kumar. Random House, Londres/Nova Delhi, 1971.
Dicionário de caracteres chineses. www.yellowbridge.com/chinese/character-etymology.php
Textos de Estética Taoista. Luis Racionero. Alianza Editorial, Madri, 1983.
Dao De Jing. Laozi. Tradução Mario Bruno Sproviero. Ed. Hedra, São Paulo, 2002.
L’idiot Chinois, Initiation à la lecture des caractères chinois. Kyril Ryjik, Payot, Paris, 1983.
A Ideografia Dinâmica – rumo a uma imaginação artificial?. Pierre Lévi. Ed. Loyola, São Paulo, 1998.
A terra dos mil povos – A história indígena do Brasil contada por um índio. Kaká Werá Jecupé. Ed. Peirópolis, São Paulo, 1998.
Ideograma: lógica, poesia, linguagem. Haroldo de Campos, Heloysa Dantas. Edusp, São Paulo, 1994.
O Aleph. Jorge Luís Borges. Tradução de Davi Arrigucci Jr.. Companhia das Letras, São Paulo, 2008.

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