Categorias
Blogue - cultura digital, poiesis e work in progress

maio no sítio do ciclope

13 anos do Sítio de Imaginação.

http://www.sitio.art.br/

Em maio de 2002 no Museu de Arte da Pampulha a gente apresentava ao público a primeira versão do Sítio que depois evoluiu até a atual 7.0 e gestou em suas entranhas o Managana, software livre de publicação digital baseado em novas interfaces para a imaginação compartilhada na rede, que roda em dispositivos móveis, internet e em instalações interativas em espaços públicos, como museus e centros culturais.

Grão e Managana no E-Poetry em Buenos Aires

http://www.ciclope.com.br/grao-no-e-poetry-em-buenos-aires/

Dia 12 de junho 15 hs estaremos apresentando a colegas do mundo todo, especialmente da América Latina, nosso livrE poético Grão e seu software Managana no Festival E-Poetry promovido pelo Electronic Poetry Center da Universidade de Buffalo, EUA.

No mesmo dia, após a apresentação do Grão e Managana, o prof. Rogério Barbosa apresenta “A poética de Alvaro Andrade Garcia em Sítio da Imaginação: uma poesia em multiplataformas”.

Será apresentada ainda no mesmo festival a obra coletiva Liberdade, realizada em oficina do II Simpósio Internacional de Literatura e Informática, na UFSC. Poemas de Álvaro Andrade Garcia permeiam a interface em forma sonora e em ambientes gráficos, e o software teve a pesada contribuição da mão de Lucas Junqueira. A coordenação do trabalho foi de Francisco Marinho UFMG e Alckmar Santos UFSC. A obra contou ainda com poemas de diversos outros autores.

App Poemas de Brinquedo ganha participação do poeta e performer Ricardo Aleixo.

http://www.ciclope.com.br/poemas-de-brinquedo/

Para o segundo semestre prometemos entregar mais um livrE, dessa vez o App Poemas de Brinquedo, projeto aprovado na lei municipal de cultura de Belo Horizonte. O roteiro já está pronto e as primeiras gravações de áudio já foram realizadas pelo poeta e performer Ricardo Aleixo. Em julho começa a montagem final do aplicativo com poemas lúdicos animados e interativos.

Managana 2.0

Começa a articulação para a construção da nova versão do nosso software livre de publicação digital, que atualmente está na versão 1.7. Um amplo leque de colaborações com o Nupill da Letras UFSC, o 1maginário da EBA UFMG e a Voltz design está sendo construído. Vamos reformular a interface de edição com a criação de um editor simplificado para tablets e smarts, ter um novo controle remoto mais simples e fácil de usar e acertar pra valer a interface de edição profissional, que por conta da nossa frenética atuação criando novas funcionalidades está precisando agora de uma decantação.

Categorias
Blogue - cultura digital, poiesis e work in progress

a cidade dos que descem pela escada

Atualizado em 28 de maio

O Lucas Junqueira entre uma linha de código e outra produz seus próprios games… e livros. Dessa vez, junto com seu xará Lucas Nascimento que ilustrou o trabalho, desenvolveu um livro game. Uma história para crianças que é game ilustrada. Você vai lendo os capítulos, vai percorrendo a história.. e jogando com os personagens para percorrer a história.

O brinquedo está disponível na Play e na Apple Store.

Aqui um link para o projeto:

http://stairsthird.var.art.br/indexpt.php

Por aqui ainda o silêncio, mas vejam só o que já saiu na mídia especializada, de fora do Brasil :)

http://www.slidedb.com/games/third-floor

http://appadvice.com/appnn/2015/05/help-igor-find-his-way-out-of-the-third-floor-in-this-new-game-book

https://www.youtube.com/watch?v=49Bh6YJzLYU

http://www.indiegamenews.com/2015/05/coming-soon-to-ios-city-of-those-who.html

Categorias
Blogue - cultura digital, poiesis e work in progress

inhotim tem app para uso em projetos educativos

O ateliê Ciclope foi contratado pela Voltz design para trabalhar no desenvolvimento de um aplicativo para celulares e tablets que cria um ambiente de trocas de informações e comunicação nos moldes das redes sociais. O software é usado em smartphones e tablets pelos monitores, professores, alunos e coordenadores do Inhotim para troca de informações, extensão de atividades, acompanhamento de projetos etc. O app programado por Lucas Junqueira se integra integralmente ao site, criando um ambiente transversal de acesso aos conteúdos postados na rede da instituição cultural.

Categorias
Blogue - cultura digital, poiesis e work in progress

holo lens

A guerra de titãs para definir o mercado global de realidade virtual imersiva ganha um competidor poderoso, a Microsoft, que ressurge das cinzas com uma solução que se for o que promete será uma revolução.

A mil anos tenho falado aqui que o futuro das interfaces digitais ia caminhar nessa direção.  mixagem entre imagem real e projeção mixada sobre ela ou ocupando a visão toda, num óculos. Já existem inclusive equipamentos assim, que já são por exemplo usados pela Boeing para montar aviões, plantas são sobrepostas sobre o que vê o trabalhador para ajudar no trabalho. Telas transparentes já existem disponíveis. Faltava colocar tudo isso junto mais a tecnologia kinect de reconhecimento de movimentos corporais, mais áudio de qualidade, mais espaço para óculos de correção de imagem, mais software e interface pensada para isso, mais tudo aquilo que um smartphone tem e é capaz de fazer! Conectar!

Além do indiscutível uso profissional da ferramenta estaremos vendo uma mudança profunda nas interações homem computador com a proliferação desses dispositivos.

Agora entendo um pouco por que o Google retirou o Glass do mercado, eles vão ter que evoluir aquilo, mesmo por quê já está chegando também ao mercado o Oculus Rift, a solução do Facebook. O Oculus Rift não tem tela transparente e não mostrou ainda uma interface e um ambiente de desenvolvimento para ele tão instigante quanto o da Microsoft. Mas ele está chegando aí para conquistar corações e mentes.

http://www.wired.com/2015/05/oculus-rift-coming-early-2016/

 

Categorias
Blogue - cultura digital, poiesis e work in progress

chili crab e as notas musicais

Produzido com apoio do edital Inovapps do Ministério das Comunicações o game de alfabetização musical Chili Crab está disponível na Play Store.

A turma que produziu o brinquedo tem muitas ‘passagens’ pelo ateliê, Matheus Braga que cuida da parte musical compôs várias das nossas trilhas, trabalhamos anos juntos. E o Chiquinho Marinho já trabalhou conosco no ambiente digital poético Liberdade.

O trabalho é primoroso, áudio, animação, os joguinhos. Vale a pena baixar pra criançada!

https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.plugandboom.chilicrab

Categorias
acervo álvaro Blogue - cultura digital, poiesis e work in progress

milho verde déjà vu remix

Milho Verde Déjà Vu Remix

Faz mais de uma década desde a gravação em vídeo; as águas e o moinho, as vendas, a chuva barroca na capela, a cozinha da roça… eu sabia que teria mais imagens preciosas diante de mim…

Pensei no quarto: não queria filmar nada. A segunda chuva barroca seria só literatura. Deixei o celular na tomada e sai andando até o gramado, que segue plano até a igreja e depois desce suave até a escola e o campo de futebol.

O gramado é o centro de uma grande espiral de terra, que pode ser vista dali. O Lageado cercado de montanhas com o rasgo branco das águas que circundam a vila e seguem para o Jequitinhonha. Sim, estamos nas cabeceiras do rio. Diante de mim o Itambé, uma das maiores montanhas do espinhaço, com 2002 metros de altura, seu cume estava cercado de névoas que contornavam a pirâmide azulada atrás da serraria mais próxima.

Dois feixes de luz abriam espaço entre os cúmulos. Uma névoa fina e úmida batia na face, o sopro vinha de lá. Dois arco iris, um de cada lado da montanha, batendo na terra e penetrando nas imensas nuvens que circundavam o pico.

A lua quase cheia apareceu simultânea, enquanto Ubirajara (uma encarnação graciosa em forma de cão, que viveu e foi enterrada no Sítio de Imaginação) se posicionava saltitante diante de mim. Ele já estava em outro de seus corpos, mas ainda com a coleira anti pulgas.

Mais um plano com a igreja e suas duas palmeiras diante de mim. O cemitério está coberto de capim, até parece que ninguém morre por aqui. Puro engano, o tempo levou da comunidade quatro mulheres, conhecidas por quase todos.

Logo soube, a Jacira morreu de câncer, nova, que dó, lembro dela, amável, forte, poeta e politica, guerreira. A cozinheira e lutadora das causas da negritude passou rápido por aqui. Morreu também velozmente a Rita, do Armazém. Outras que se foram, já eram velhas quando conheci, foi-se uma época. Dona Santinha ganhou o nome do posto de saúde, nossa querida parteira e raizeira. Dona Neusa, da crônica da cozinha mineira, Dona Lourdes… O câncer levou todas elas, as queridas donas da velha geração… entristeço pela Rita e Jacira, que saíram da terra jovens ainda, mereciam estar entre nós.

O Adelmo açougueiro, que depois vendia um fabuloso pastel com caso na sua venda, achei que estaria também morto, pela idade que tinha quando conheci, mas na volta do chuveiro de águas do Lageado, lá estava ele na porta de casa. Não vende mais o pastel, nem a prosa da sua pequena portinha.

As vacas pastam na rua entre os incríveis cães, selecionados em anos de convívio com galinhas, não atacam nem mosquito. Anotei ao menos um nome óbvio e bonito, Rajan, que não quis descer com o neto da dona, mas assentou-se do meu lado debaixo da árvore que fica atrás da igreja. Um lab lata preto e peludo, alegre como ele só. Aliás os vira latas do lugar estão cada vez mais pretos, com aquele pelo e cara de labrador, já sabemos como são mestres em espalhar o dna.

Conheci outro cão engraçado: o olho preto, com estatura de cão de caça, branco malhado fino de cinza. Suas poses, seus asnas, no meio das ruas ainda de terra são dignos de um master de yoga. Continuam pacíficos os cães daqui. Esparramados nas ruas, dormindo em pose, zero de agressividade.

Dessa vez depois de tomar assento no banco diante do bar do Adir, afiei o ouvido com o sotaque da roça, um pouco já abaianado, no nasal e na cadência e fui atrás das bençãos no poço de cascalho da Carijó. Ora de ver também como está o Moinho.

Depois do banho, sai andando pelas ruas do vilarejo lembrando em cada ponto de todos os fatos e pessoas que estiveram naquelas ruas comigo. Todos os tempos se entrelaçaram num desfile. O quarto de esquina quando fui com a Isabela na viagem com o Fox, a viagem com a Luciana, Rodrigo e Ana, ele com um pod de proibidão, brincando de anjo torto no paraíso… O encontro com o Piga na passagem de ano, o festival de inverno e sua turma, que sempre nos levava a um passeio na região, os domínios do Paulinho em São Gonçalo, a casa da filha do Ademil e seus hóspedes, as caminhadas e aventuras no entorno, Capivari, Grota Seca, Baú, as inúmeras visões solares, iluminações e banhos. De alguma maneira o livro Álvaro e o web doc Sertoes.art.br tiveram momentos de trabalho nesse lugar.

Hora de terminar com o desfile, então, procurei o Armazém. Assentei na mesa perfeita, com o visado para o lajeado e a serra do raio, na varanda dos fundos. A tarde caia. Toca blitz e bandas pop anos 80. ‘Fazer amor de madrugada, com jeito de virada, para para pá’. São as espirais do melangè déjà vu

Veio dar a graça e pedir carinho, e lógico, comida, o Sorriso, cão vermelho de media estatura, a gata branca branca Sofia e o Francisco, preto preto com olhos de pantera, igual à minha Pituna. A turma é da filha da Rita, que tem um quê da mãe, e que assumiu o negócio.

Mais tarde vendo o Ubirajara mijar percebi que era uma garota, na encarnação em questão. Rajan e todos os seus amigos me cumprimentaram outra vez e desci a rua até o Lageado, hoje área estadual de proteção ambiental com 10.000 hectares.

Só digo o seguinte, a época é de floração, caminhei entre jardins rupestres nos campos do Lajeado. De toda espécie, rosa, laranja, branco, azul, violeta, as mais bonitas, as flores do campo. As tais que nascem sem semeadura, delicadas não se cultivam. E o fim disso tudo? Um poço e uma ranhadura na pedra onde se possa tomar sol e nadar, meditar, pensar.

Abriram um café, se chama Veredas, o único que te serve um expresso arábica incrível com vista para um curral do outro lado da rua, com direito às vaquinhas e bezerros, e de quando em quando galinhas, bicicletas, jipes se interpondo. Um caldo, uma tortinha, um café, um suco, o curral enche esvazia, passa uma galinha, a janela ao lado dá prum cafezal, é mole?

Não tem como falar de café sem chegar no imperdível galpão de quitutes da Dona Geralda. A casa dela fica na esquina, diante da igrejinha e no quintal ela fez um galpão grande com um forno de barro redondo no meio. Por 10 reais acontece um self service. Ela vai tirando do forno os biscoitos, bolos, broas, basta servir o café, o leite, manteiga e queijo do lugar. Ela me salvou no domingo depois que todo mundo foi embora e a cidade fechou todas as portas, se não fosse ela passaria fome. Esse é um cuidado, se for fora de fim de semana e feriado tem que garantir a comida com o lugar onde vai se hospedar e levar coisas para completar.

Muitos anos depois a cidade continua especial, e conseguiu se cuidar muito, dadas as condições de evolução urbana nesse início de século. A área de proteção ambiental é um luxo inacreditável que criou um bem comum e a vila tem atividade econômica com o turismo, sem que ninguém se aposse das melhores belezas e águas. O celular pega super bem e a banda é larga mesmo, 6 mb, deu pra ver streaming a minha série preferida. As pousadas têm wi fi, o lugar respira melhoras na infra sem perder quase nada do seu jeito de ser. O Mauro serve no Fogão de Lenha em breve. E já cheirei pelas ruas: pernil, biscoito de polvilho, frango, candeia, sabonetes e flores diversas… jasmins, lírios, dálias, margaridas, cravos.

A pousada André Luiz, onde fiquei uma vez está à venda e o Rancho Velho com as portas fechadas. Foi ali hospedado por chegar em cima da hora, que conheci Dona Neusa. Uma das vendas do filme também fechou. A casa de Aparecida, que passeia comigo pela vila a pedaladas, está toda pintada, mas não sei quem mora lá. Vi umas meninas que parecem parentes. Dela tive notícias já faz algum tempo, que estava adolescente, adulta jovem e que estava estudando em Belo Horizonte. Todo dia eu tinha que tomar água no chafariz cujas pedras estão com lodo fininho, parece que não lavam mais roupa lá, é… chegou a água encanada, mas os quintais continuam incríveis de frutas, flores, milho, abóbora, feijão.

À noite tem forró com sanfona, pop, mpb ou rocão para escolher, tem lua cheia e filetes de água por toda parte. Esfria, outono em Minas Gerais. Hora de usar meu casaco de lã uruguaio. E bora comer uma pizza no Angu Duro. Enquanto saboreio a delícia com presunto de parma e uma pale ale da Baker olho a mesa ao lado com sete pessoas, seis de olho e tocando nos seus celulares. O sétimo, como ficou também só, olhava pro lado sem ter o que fazer.

Não é incrível o que me aconteceu depois que eu desliguei a câmera e a literatura começou a gravar? Como ela revolveu em mim todas as frinchas da memória e me jogou suavemente num fluir de mananciais estésicos. Devo confessar, esse é o presente que me dei para o aniversário, para começar o mergulho mais profundo da minha vida, e escrever a minha obra mais densa.

Pois para completar, não é que o dia 2 de maio nasceu nublado, friorento, com uma luz difusa e suave cobrindo tudo. Mais pé na trilha, pão de queijo quentinho, suquinhos, bolinho frito na hora. O dia ficou apto a cumprir a promessa que fiz para o próximo setênio, contar a estória, e fazer o notebook que trouxe servir para alguma coisa.

Os personagens estão aqui diante de mim, na rua também me procuram, o velhinho banguelo com um cajado que já se aproximou para puxar assunto… como atraio histórias, a rude briga dos cachaceiros no Ademir, as pessoas conversando na rua. A turma toda ‘trabalha na MRV e ganha bem em BH’. O som afiado das vozes, as palavras precisas, a Anglo American em Conceição… O dia em que Cássia Eller morreu, as histórias do Sacy, a festa do Rosário, o dia de Reis…

Segui o cortejo da minha saga e mergulhei na vila que estão criando no meio da mata, depois de fugir da Bahia. Começa aqui a pequena outra e ficcional Vila de Conceicão do Mato Dentro. O teclado dispara e vão sendo cortadas as toras, feito o madeirame, capinadas as roças, queimadas as raízes mais grossas. A mina ganha a proteção de N. Sra. das Brotas e as penas de água são divididas pelas famílias. Lá está a matriarca, ainda criança construindo a sua história até se tornar a Dona Lita e espalhar sua prole pelo Brasil.

À noite no Armazém o aniversário prossegue com um show animado, com muito Jorge Ben Jor, O Paulo estava lá, firme e forte achei que a birita iria acabar com ele. Mas nada, o cara tá inteiraço enquanto Rita se foi…

Na sequência conheci os caras de uma banda e três girls that wanna have fun, uma versão tropical das Bruxas de East Week. E seguimos em caravana, com catuabas selvagens em garrafas de plástico, rumo ao Bambuzinho, a venda ainda existe, o Agostinho não está mais lá, agora funciona um espaço cultural com palco para shows. O astral é o mesmo, rock, reggae, tropicália. E rolou um show muito bom em cima de Gil e mais Jorge Ben, Raul, Caetano. Conheci a galera da banda, o Fernando estava lá, a Pilar, Taís e Tatá brincaram e brindaram comigo. Bem… Tatá, todos que conhecem a história do nome da Jitataoca sabem, é fogo em Tupi. A mesa toda comemorou meu aniversário. E dancei até não aguentar mais de cansaço, além de misturar catuaba cachaça e cerveja. Hora de tomar uma hidratante definitiva e caçar rumo. A noite sempre me vence. ‘O mundo vai acabar e ela só quer dançar dançar dançar’ ‘oxossi ogun são senhores da picada’, ‘tudo passa, tudo passa’…

A estrada já foi asfaltada. As pessoas que andam na rua estão bem mais obesas, especialmente as mulheres, o povo da Axion (lembra do desenho do wall-e, o transatlântico espacial). Tem muita gente de Ipatinga e região, é bem perto vindo por cima. As casinhas dos pobres ainda fazem dinheiro extra com as turmas do vale do aço. E as pousadas abrigam os trabalhadores do ferro, que agora podem passear com os filhos, soltar pipas com logos do desenho Carros ou com o desenho da asa do Batman. Os filhos já brincam com seus tablets e joguinhos, deixando orgulhosos os pais. O lajeado também ficou mais família, uma nova geração que aprendeu a gostar de cachoeira.

O grupo Mandala se apresentou na igrejinha, claro que a lua cheia nasceu atrás, Jorge foi saudado e cantou para nós. E os hipongas deram o ar da graça, com os esvoaços multicores de batas, mantas, crochés, cabelões e dread locks.

Milho verde estranhamente comporta esse tubo de tempo, e ainda passa bem devagar, ainda bom. A mistura de gente mudou um pouco, mas quem é do lugar sempre te cumprimenta na rua. Sempre. É bom dia, boa noite, como vai, o tempo todo. O mundo merecia um dia em Milho Verde. Eu tive a sorte de passar meu aniversário aqui.

Repórter Álvaro Garcia
Para o caderno de turismo e memória do Tempo (fictício)

Categorias
acervo álvaro

texto integral do declame o gesto da palavra

O GESTO DA PALAVRA

(para ver vídeos da apresentação, clique aqui)

Texto do declame no Sarau do Memorial
30 de agosto de 2014 no Memorial Minas Gerais Vale
praça da Liberdade BH MG

Poesia?

Apresentarei a vocês um recorte da minha obra passando por textos de quase todos os meus 11 livros. Neles, colhi poemas que de alguma forma tocam na pergunta fundamental. Poemas, poeta, poiesis, eu diante da condição de ser um. O que é poesia e o que não é mesmo. Mesmo?

Lucas, parceiro no Sítio de Imaginação Ciclope, o sitio.art.br, vai discotecar a mente poética já publicada no ciberespaço. Ele fará isso ora em sinergia, ora em dispersão, na maior parte do tempo sem som, de forma mais cenográfica, numa projeção atrás de mim.

… Foi interessante a ‘pesquisa’.

Achei muitos poemas cheios de mais perguntas e novas respostas, quase todas válidas, e concluí: a poesia não tem contorno e suporte bem definidos, mas…

… que existe, existe.

Vamos convidar para este declame o primeiro dos nossos abuelos

O caso do cumpadi, a sua ‘formação’
por seu biluzinho,
pescador de januária mg, na beira do rio são francisco
(acervo do Sertão de Minas 1.0, hospedado em sertoes.art.br)

Espero trazer indícios, traços, pistas, para afinar em perguntas ou inquietações, melhor dizendo.

Pretendo ler poemas para nós e tecer uma rede em volta, construir uma ‘formação’.

Construir um castelo de areia para vê-lo ruir com a maré

De onde começamos, a partir do livro Monódias:

ABSOLUTA

o que faço é ser às vezes
o que muitos outros são

poesia definitivamente não é verso
busco o gesto das palavras

Tem uma anotação da mesma época.

ANOTAÇÃO

o poema nem sempre está
quase nunca deve
nem às vezes se espera

o ar não parece ocupar
e a língua não é apenas falar

Começaria tentando apresentar aqui um certo olhar, Esse ‘olhar’ da poesia.
O poeta observa a sua musa. Sentada na mesa de um bar.

A MUSA SÉRIA

de traço reto
e linha grossa
entre a testa e os olhos
cor de carvão
(cara-de-pai)
olhos sonsos – de quem não vê
(usa óculos e os põe por vezes)

lá está a musa
séria e reta
bem diante de mim
iluminada pelo neon
imaginada pelas palavras
distante dos olhos
que não vêem os óculos

a musa séria e reta
que agora me leva
mais um guardanapo

sobre-olho preto
boca suave
traço de seu-pai
corpo de mulher
a musa séria
com cara de desmaio
displicente
fixa num ponto da mente
toda mistério

busco os gestos do seu espírito
que acerta cada dessas arestas
cada vez que sobe a sobrancelha
sem dobra
e nos deixa um olhar
isósceles e sonso

O HOMEM DO BAR

era desalinhavado
ouvia-se e reclamava-se
o tempo todo

Os bens inestimáveis. De certa forma o território da desmedida.

SALTO NA DIVISA

livre no sertão
com um caderno de música
alegre e só no ermo
a paisagem grandiosa
que não cabe no quadro
a terra-e-o-céu
o cavaleiro da luz
no solapino
no plano desse horizonte
o cavaleiro da luz
salta na divisa
lá-se-vai
na pista desse dia
no plano desse dia
na divisa céu-e-terra
salve alturas!
salve larguras!
no plano sem ribanceira
o liso apenas
um vasto contorno
vejo de costas
vejo só teto
meus olhos palpam chão
meus olhos debruçam céu
ó mundo inóspito!
oxalá tivesse a fôrma
desse contorno grandioso

O É, o instante

ENTRETIDO

entre
duas paredes
gemelares
de sebo
de gota
de glande
tido
concebido
de boca
grande
de môro
turvo
concepcionado
través de mãe
viés de pai
visto
depois
como ente
valente
garoto
tido
entre tantos
tido entre
outros
possíveis
para ser
exatamente
o
É

trecho capturado do documentário Pan-Cinema Permanente
sobre Waly Salomão, dirigido por Carlos Nader )

Como começa 1 poema?
A busca do primevo, o início, as fontes.

A PROFECIA DO GÊNESIS

I
fora aos usurpadores
que se apropriaram
da nossa fome
fora! o sagrado
queremos também

II
agora lembramos
o código nos pertence
agora lembramos
amamos a terra e o mais entranho
dos perfumes de chuva
sabemos ser como os animais
e entendemos o porquê de morrer
estamos aqui antes da extorsão
e da usura

IV
quero o mundo antes da posse
quero o mundo antes do pasto
esta folha branca outra vez
a arte bizonte
o artista atrás da obra
o ciclo imutável da vida
passando aqui
quero navegar através das eras
e esquecer a pobreza do século
o tempo na larga
como o geólogo e o astrônomo
quero partos com dor
e a vida como ela é
desde sempre…


também não sou alegre

nem sou triste
e daí?
sou templário
o homem antes do bom selvagem
e de todas as formas de dizê-lo
como ser

antes da tora
todo dia um ritual
antes do paraíso
e de dante
mesmo, antes
nem bem nem mal
o que é bom
apenas
antes da fartura
ser cobiçada
ainda no uso-fruto
sem tiranos
com o prumo da raiz
e o sumo da planta
e a matriz de todas as seivas
na hora da vida
na hora da morte
a mesma medida
reto e correto
como um arco
a linha na linha
e o ponto no ponto
onde deve ser
porque
é a minha Lei
e vem antes de adão
do mundo
sem homens
sem costelas
sem terras
sem paraíso
a vastidão
a terra sem promessa
pronta para começar

Nomear. Quando uma palavra se torna.
O espaço dos nomes próprios.

O DICIONÁRIO PRIVADO

é nome
minha primeira intenção
e quando fizeram-me Álvaro
passei a pertencê-lo
e assim como todos os nomes
que se tornam próprios
agora ele é meu
com nuances e verbetes
indispostos nos dicionários

é um sudário
uma rachadura
um fecho
meu nome é uma sutura
nas paredes do tempo
não me grite, é vão
não me evoque
meu nome é um santo
esquecido e alongado
na têmpera do tempo
é um serviço
sacro em seu benefício
nele você se expia
e sabe o quanto se ama
ou se destrói

porque
certa vez
disse-me um
grão
não é
carma
seu nome
é darma de alma
é salmo da alma
seu nome

ALVARIAÇÕES

Alvíssimo
Alvarinho
Alvaroço
Alvarão
Alvaríssimo
Alvarado
Alvaror
Alvinho
Alvrinho
Alvorecer
Alvaredo
Alvoredo
Alvarada
Alvarinho
Alvura
Alvarido
Alvarez
Alvarento
Alvará

O testemunho de 1 tempo, ‘eu sou o cara, eu estava lá’.

MESSIAS DE 1 HOMEM SÓ

desencaixotado
rebelde de causa
um pensativo inveterado
um fracasso meditatório
uma espécie de silêncio
maldito até em casa
que já faz tempo
fala com cafundó
atalho de
notícia & pessoa
fogo & fadiga
afluxo de alegria
o pão da poesia
meu defeito de fabricação
meu sestro
meu verso
e minha alegria
‘eu sou o cara
eu estava lá’
eu sou a voz
que ousa
eu sou a vez
da dúvida
e duvido da morte
e duvido da dor
e não sei onde acabo
nem onde estou
perdoado & contente
‘eu sou o cara
eu estava lá’
ensandecido
desterminado
estado de alma
um poema imprenso
os perigos
e as idéias incontroláveis
livre, indébito
começo de tudo
fim de nada

A poesia é algo que acontece entre um massacre e outro.
Entre uma guerra e outra, sou mais um refugiado.

ÉRAMOS

sou um ocidental
produto do índio português
que veio à origem
e nos chamou do que era
sem saber quem éramos
sou um produto da matéria sexual
que serve à propagação
da idéia indoeuropéia
sou a fronteira
entre o leste e o oeste
estou no meio da tempestade
entre a rocha e a onda
o marisco
venho do resto
portugal é o resto
de uma diáspora mal sucedida
de um movimento
que partiu rumo às índias
e aportou aqui
e disse índios
os que éramos
e acabaram ficando
e seu trabalho foi
fundar uma zona
uma rodovia qualquer
que resolveram fazer
para pilhar a terra
ah! eu vivo aqui
faço parte do butim
em minas bósnia
são paulo bagdá
no rio haiti

Acima de tudo, o poeta é uma pessoa que tem uma relação para lá de especial com as palavras.

Do Verão Dentro do Peito.

A PALAVRA VIVA

a palavra lava o que agente mente
a palavra mente onde agente sente
a palavra cansa a palavra amansa
a palavra passa o que agente pensa
a palavra amassa
a palavra atrasa o que agente esquece
a palavra aquece o que agente teima
a palavra queima
a palavra fogo que agente apaga
a palavra tralha que agente afasta
a palavra gaga
a palavra lavra
a palavra ato
mato onde agente embrenha
a palavra exata onde nada ata
a palavra sacra
a palavra senha a palavra laca
amarga doce luz
assanha brilho soa
bela voa
a palavra garça
taça
a palavra que agente bebe
a palavra tonta
a palavra esquece
a palavra enterra o que agente troca
a palavra cava
a palavra cova
afoga trama aplaina
a palavra amaina
amanhece
a palavra espaço dia
como brisa

Poesia experiência sacra?

PREFÁCIO DE DEUS

no mundo que é cerca
busco as palavras da imanência
a boa luz
e meu deus tem esta fôrma
que não posso esquecer
ele é a minha palavra de súplica
de desejo mais sincero
meu paço de humanidade
converso com Ele
como se as palavras
fossem ele-elas-também

Ele me fez na forma de um nome
que louvo com a blasfêmia
das minhas faltas
e com a certeza da Sua compreensão
diante Dele sou puro
princípio e consagração
na luz que banha
a treva-eu
Sua presença me constrói
sem Ela
minha beleza se desmancha
em ossos baldios

Banal?

NADA DEMAIS

tudo é vulgar como o batom vermelho
e a saia justa de crochê
como os sorrisos da caixa
– as mentiras amargas e a música sertaneja –
a garapa escorrendo entre os dedos
o brilho na pedra falsa
– o Shop Pastel –

Guarapari
teus olhos de kitch me fitam
nossa cumplicidade…
as coisas em seu lugar
– doce é a vida, doce é o olhar –
o jeans délavé
o senso comum de mãos dadas
com minhas madrugadas
tudo é igual no fundo dos olhos
que se cruzam pelo caminho

da praia dos namorados à ponta das castanheiras
pedras toscas e negras
senhores aposentados
nomes no tabuleiro de damas
tatoos descartáveis
uma mineral de plástico
seu prisma neon
como um brilhante adocicado
e também aquele senhor
que hoje fabrica mentiras em mim
suas mesquinharias
a poesia banal, seu traço vulgar
a pizza esquecida
à noite no calçadão
o vento ressoa nos ouvidos
os caracóis som-de-mar
desejos de clareira
ver aquelas pedras trinar
nada demais
um filé com fritas
nada muito sério
um sunday de caramelo

A estética tropical, a luz implacável. A poesia em êxtase como no Caraça, naquele dia. Blake com uma pitada de Rimbauld?

CARAÇA

Pequena enxurrada de poesia
que antecede a chuva
que não chega a cair exatamente.

Santa Bárbara de Minas
Dezembro de 1991

cantareiras voando degraus no céu
trinchas grossas no céu
calmaria de cinzas
vapores de caules degraus
talo das plantas
os brotos a benção
calmaria de cinzas
trinchas grossas no céu
graneleiros no ar
rebentos odores
avisos passagem
o tenor do sol
o ruflar de nuvens
o também dos pássaros
ervas sementeiras
mãos úmidas por toda parte
talos e calos talos

mastigar as plantas sorver esperança
a saliva plena dos bosques
a supremacia os planos da afeição
aviltar as cascas as frinchas as lesmas
revolver mensagens paradeiros e fatos
tirar o som do sol o som do sim
tinir o balde azucrinar a mula
zurrar a bica sapecar a massa
os fatos com nacos de ti

estalidos
traques no céu
armaduras de chumbo
estacas estiradas
filete de água córregos
ferpas pó de água
estiletes estampidos borbulhos
plenos viços pulmões ferroadas
ares de ventania
sobrancelhas no céu

o fim de ornamentos
o fadado, os ciscos, os vãos
ruindo, destramelando
o dia tine, alveja a vida

A letra vem com a música, a poesia com o silêncio, li numa entrevista de Nando Reis.

Poesia não é para entender, entender é pedra, seja árvore disse Manuel de Barros.

OS AFAZERES DA PEDRA
(como em manuel de barros)

todos os afazeres da pedra
estão escritos antes dela
por que dali ela não moverá
por vontade própria
e de si
será
apenas
se em pedaços
lhe fizerem
oh deus
os afazeres da pedra
são tantos
silencio obsequioso
dureza, frio e aspereza
nas suas rugas não há velhice
mas tato de mineral
os afagos da pedra não me vêm
logo que sinto a dor e as faltas
posso ficar ali
por horas e dias
todo o tempo que tenho
de vida
e ainda assim
ela estará ocupada
em ser o que é

Poesia e lucidez, como em Fernando Pessoa.

“Eu é que sei. Coitado dele!
Que bom poder-me revoltar num comício dentro de minha alma!

Mas até nem parvo sou!
Nem tenho a defesa de poder ter opiniões sociais.
Não tenho, mesmo, defesa nenhuma: sou lúcido.

Não me queiram converter a convicção: sou lúcido!

Já disse: sou lúcido.
Nada de estéticas com coração: sou lúcido.
Merda! Sou lúcido.”

(Álvaro de Campos, in “Poemas”)

Não só o lúcido, o lúdico, como nestes POEMAS DE BRINQUEDO

PALAVRAS GÊMEAS UNIVITELINAS
(atenção: ler cantando, ritmo rápido com paradas no reco reco legal)

bole bole
mexe mexe
pula pula
pisca pisca
troca troca
quebra quebra
reco reco
legal

bora bora
quero quero
puxa puxa
nheco nheco
xup xup
lambe lambe
reco reco
legal

toque toque
puxa puxa
quebra quebra
tico tico
lambe lambe
xique xique
reco reco
legal

lero lero
xup xup
tico tico
rela rela
bora bora
bole bole
reco reco
legal

PALAVRAS GÊMEAS BI VITELINAS
(descobrir quais são separadas, têm hífen ou são escritas junto)

zig zag
tic tac
bate boca
pica mula

cabra cega
guarda chuva

mestre cuca
passa quatro
vice rei

couve flor
banho maria
lusco fusco
mestre sala
tira teima

maria mole
cata vento
guarda roupa
porta treco
ping pong
estrela d’alva
supra sumo

guarda pó
maria fumaça

ave maria
trem bala
porta avião
e guarda sol

A conversa de eternia. A literatura no seu sentido estendido. Uma rede que se conecta no tempo largo. Um diálogo multicultural e transnacional.

Da tradição ocidental converso com Pré Socráticos, Dionísio, Baco, Nietzsche, poetas franceses, americanos, latinos e brasileiros… Encontro muitos literários e libertários, em revolução, insurgência, indivíduos em crise com seus estados, tempos e valores.

Da tradição oriental, buda e o tao: a ressonância, o ritmo vital, a sincronicidade, a empatia, o vazio, o vaso o entre, o não é (wu wei), o yin yang e o silêncio. Uma mente pacificada em sintonia, uma mente coletiva e abrangente.

É a fissura que se abre entre essas escolas, a minha poesia.

O BUDA OCIDENTAL
(poesia da palavra literal)

meu buda tem
uma vara de pescar fogo
às vezes
apago seu fogo
num lago de aguardente
porque não suporto
seu perfume

meu nunca
tem um buda
deleitado
num berço
cego vasto
pasmo e ato

ESCULPINDO O DESEJO

traga-te o abismo
onde se talha, se despedaça
rompe a matéria do sol
ainda que rochas
onde se pára
entre pontes
fortaleça até a trinca
as rachas da fortaleza
o desejo alarga onde se dói

O BUDA DA PALAVRA

cristo foi condenado a morrer
pelos sábios do templo
e mesmo depois
de sagrado deus
quando sua igreja queimou
herejes na fogueira
e abençoou de morte
índios em suas terras
e galileu mentiu
para não virar pó
quando a arte degenerada
foi banida pelo reich
e os judeus calcinados
hiroshima também ardeu
em chamas e câncer
quando os cruzados abriram
a temporada infinda do fraticídio
e os descendentes das cinzas
voltaram para exterminar maomé
e quando ontem o talibã
demoliu o buda da montanha
a poesia ecoou
no precipício do seu princípio
e subiram em labaredas
desde alexandria
as chamas de palavras banidas
de todos os livros de silêncio
de todos os homens emudecidos
por todos os poderes
que se proclamam eternos
e eu perguntei
buda foi destruído?

minha poesia é um riso
do que pode o homem
onde não pode a tirania
e lá onde acaba o poder
está imóvel meu buda
a palavra sã
que jamais se esquece
e arde através do tempo
e mesmo que me calem
ainda que me matem
meu buda vai estar lá
no princípio que principia
ele tem uma vara de pescar fogo
e nunca se apressa

A palavra sã.

Destruição e renascimento. ‘Eu sou a rudeza destes pastos, queimados e renascendo…’ (Cora Coralina).

A esponja. Os nervos do entulho.

O HOMEM VAZADO

por que sou sênsaro
só tenho poros
e tudo me trespaça
eu pelica
eu de treliça
só tenho poros
sou todo furado
tudo me trespaça
eu pelica
eu de treliça

DULHAS

mecânica quântica

sinto até átomo
mudando de lugar

o ofício

o poeta é um
sabe-não-parar

o poeta em chuang tzu

o profeta-inspirado
o ato-impulso

o bom do menino

é cara de não sabe de nada
é nunca pensa da mesma maneira

POESIA FRACTAL

uns partem outros nunca
ao limite do infinito
a franja de pontos
o senso das fronteiras
o inexato encosto
entorno de ordem e caos
dois mares que se atracam
nunca e sempre vazantes

uns partem outros nunca
ao topo das lógicas
o absurdo entrevisto
o certo que não se palpa
com o entendimento
mas que se vê com olhos
que dão números ao infinito

Para terminar, uma intervenção do abuelo Tião Paineira, ele nos explicar como aprendeu a ser oleiro.

(para ver um documentário do DOC TV realizado com o Tião, clique aqui)

Será que poesia é cerâmica também?

Um tato na mente e uma expressura na mão?

Grato

Álvaro

ps:

Em ciclope.com.br os textos integrais e a visualização gráfica dos livros de poesia. Lá também alguns textos relacionados, da seção Acervo Álvaro Andrade Garcia:

O TRONCO NEGRO DO FARAÓ
A LIBERDADE DAS COISAS
POESIA E TECNOLOGIA
DA VIDEOPOESIA À IMAGINAÇÃO DIGITAL
O QUE É O SÍTIO DE IMAGINAÇÃO
MULTIMÍDIA IMAGINAÇÃO E POESIA ZEN
DESCATEGORIZAR E RECATEGORIZAR A POIÉSIS A PARTIR DO DIGITAL

 

Categorias
Blogue - cultura digital, poiesis e work in progress

poemas de brinquedo

Está em gestação no ateliê Ciclope um novo livrE, Poemas de Brinquedo, um livro audiovisual interativo e brincante. O projeto, apoiado pela Lei Municipal de Cultura de Belo Horizonte pretende produzir um app para smartphones, tablets e internet. Uma versão em CD ROM também será produzida para para ser encartada em livreto com dicas de uso educativo.

O livrE traz textos lúdicos de Álvaro Andrade Garcia, e vai contar com a participação especial do poeta e performer Ricardo Aleixo, que vai cuidar da parte sonora da obra, mais uma publicação com o uso do software livre Managana.

Categorias
livrEs - livros eletrônicos para dispositivos móveis

Palavrador – ambiente poético tridimensional

Aqui um tour em vídeo pela obra (em inglês):

O palavrador nasceu como um ambiente poético imaginário criado no 38º Festival de Inverno da UFMG, em julho de 2006. Ele foi concebido e implementado com um conjunto de ideias e atividades coletivas pelo grupo. Os autores tinham experiências na área de arte, literatura e ciência da computação. A interface virtual é concebida como um jogo dinâmico com imagens em movimento e um discurso profundo sobre poética.

O projeto foi coordenado por Francisco de Carvalho Marinho com colaboração de Alckmar Luiz dos Santos, Alvaro Andrade Garcia, Carla Viana Coscarelli, Carlos Augusto Pinheiro de Sousa, Cristiano Bickel, Daniel Poeira, Delaine Cafiero, Fernando Aguiar, Gustavo Morais, Jalver Bethonico, Leonardo Souza, Lucas Junqueira, Marcelo Kraiser, Marilia Bergamo, Rafael Cacique Rodrigues, Ricardo Takahashi, Tania Fraga, Walisson Costa.

Palavrador ganhou em 2006 o Premio de Poesia Digital da Cidade de Vinarós na Catalunha, na categoria de arte-software. Participou da ACM SIGGRAPH 2007 Art Gallery – Global Eyes e foi incorporado ao catálogo da Electronic Literature Collection.

Clique no link abaixo para fazer o download da obra. Depois de baixar o arquivo zipado, descompacte-o e antes de rodar seu executável, rode um instalador do Real Player que vem junto com o pacote. Quando o executável rodar, ele vai enviar uma mensagem de erro do Real Player que já não roda em sistemas atuais. Apenas um pequeno vídeo num canto do cenário não tocará em função disso, mas todo o restante estará operacional.

http://www.ciclope.com.br/download/palavrador_versao2.zip

Categorias
livrEs - livros eletrônicos para dispositivos móveis

Liberdade – ambiente poético 3d imersivo

 

Liberdade foi criado numa oficina de criação literária em ambiente digital no Núcleo de Pesquisas em Informática Literatura e Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina, em dezembro de 2013, durante o II Simpósio Internacional e VI Simpósio Nacional de Literatura e Informática.

A partir de uma preparação prévia, durante uma semana um grupo multidisciplinar de artistas digitais produziu conteúdos e software para um ambiente poético tridimensional com caraterísticas e cenários de games. Depois de ajustes e correções na versão inicial, disponibilizamos aqui a versão final dessa oficina para download.

Clique no link para baixar o arquivo que deve então ser descompactado. Nele há um arquivo de texto com instruções de instalação.

Liberdade versão 5 para Windows:
http://www.ciclope.com.br/download/liberdade5.zip (147 mb)

A obra nos leva a uma ilha imaginária, cercada de águas, onde a poesia emerge em forma de grafismos e de textos na interface visual e áudios com declamação disponíveis em diversos hotspots espalhados pelo ambiente. Como num game, os visitantes podem circular pelo ambiente e até voar durante algum tempo entre estruturas imaginárias feitas com texturas de papel que suportam o cenários e os hotspots. Trilhas sonoras, animações e vídeos compõe o ambiente. Os visitantes vão adquirindo uma memória do que viram à medida que passam pelos hotspots marcados com cores que representam estados emocionais ligados aos textos: encontro, desencontro e solidão. Aqueles que deixam a ilha e vão para a água perdem essas memórias e voltam ao início do ‘jogo’. As memórias acumuladas podem ser acessadas a qualquer instante. Na versão multiplayer visitantes podem trocar com outros visitantes as memórias que acumularam.

Créditos:

Direção: Alckmar Santos e Chico Marinho
Concepção: Alckmar Santos, Álvaro Andrade Garcia, Chico Marinho, Dalva Lobo, Lucas Junqueira eWilton Azevedo
Design gráfico: Chico Marinho e Francisco Marinho (filho)
Criação computacional: Lucas Junqueira, Letícia Cherchiglia e Chico Marinho
Programação adicional: Flávio Houaisen
Criação literária: Alckmar Santos, Álvaro Andrade Garcia, Chico Marinho, Dalva Lobo e Rogério Barbosa
Criação musical: Wilton Azevedo (participação de Lane Lucarelli)
Vozes: Alckmar Santos, Carlos Falci, Chico Marinho, Cláudia Vilarouca, Dalva Lobo e Rogério Barbosa
Participação especial: Alamir Aquino Correa e Gilbertto Prado

Link para o site do Simpósio onde aconteceu a oficina que criou o Liberdade:
http://simposioliteraturainformatica.ufsc.br/